Comida de mentirinha – parte 1

Dê um nome de um produtor de alimentos responsável com sua produção? Um que seja preocupado com a qualidade de seu produto? Ou com o consumidor? O que significa isso, afinal?

Não se trata somente de receber uma indenização quando o pão de forma está embolorado antes de chegar a validade ou quando você encontra um pedaço de algo estranho no seu iogurte… é algo que está aparente, mas com umas letras muito miudinhas: os famosos ingredientes.

Já comeu biscoito recheado de morango? Já comeu salgadinho de cebola? Já tomou refrigerante de limão? Se você respondeu que sim… mentiu. Você só comeu salgadinho com perfume de cebola, recheio cor-de-creme-de-morango, e o refrigerante tem um ácido que lembra limão.

Agora, se você receber flores, ou for presentear alguém com elas, por exemplo, tente sentir o perfume das flores. Ok, você dá uma primeira ‘cheirada’ esperando aquela sensação de ‘entrei na Boticário’ e sentiu um cheirinho de… “sei lá, parece mato”. Pois é, esse é o perfume da flor. Na segunda, você sente menos ainda. Já não é mais novidade para o cérebro.

Os nossos sentidos, hoje, são super-expostos a aromatizandes e flavorizantes concentrados, e isso causa uma certa decepção quando encontramos a sensação original, que é mais branda, precisa de mais paciência e concentração para ser percebida, mas não deixa de ser a natural. No caminho contrário, as propagandas nos dão uma expectativa quase de êxtase ao morder aquela pizza descongelada no microondas, ou mesmo o hambúrguer do fast-food. Sem contar o creme do bombom que parece derreter na embalagem, mas é uma pasta de amendoim quando você morde (mas propaganda enganosa fica pra uma próxima…).

Qualquer dia desses, tente parar com isso. Não coloque sal na salada, não coloque açúcar no café ou no chá. Experimente o que a natureza produz. Primeiro: morango é mais azedo do que doce, e não é a fruta mais barata e comum de se encontrar no Brasil, mas é o sabor artificial mais fácil e barato de se reproduzir em laboratório. Segundo: o suco do limão não é tão transparente. Terceiro: o salgadinho é só milho ou farinha frita que recebe um banho de pó sabor de cebola e o resto é mostarda, pimenta, qualquer outra coisa que deixe nossas papilas saturadas, acreditando num super-sabor. Mesmo que você não vá comer tudo ‘limpo’ daqui pra frente, pelo menos prove uma vez.

Os produtos caseiros, naturais, orgânicos, e todas essas variedades de alternativas ao industrializado e padronizado, costumam ser mais caros e mais difíceis de se encontrar. Mais barato para a indústria produzir litros de substância sabor de tangerina do que colher a fruta e extrair o sumo. É uma inversão de valores, onde o que menos interessa é a qualidade do alimento e os sentidos do consumidor. Consumir comida “de verdade” passou a ser difícil. Quando disponível, nem é tão valorizado pela maioria.

Já perdemos a mão… e acho que também o nariz e a língua…

Ah, só um lembrete: se for consumir um alimento cru, procure higienizá-lo bem antes. A ANVISA recomenda o uso de hipoclorito para remoção de bactérias e impurezas. mas há muito o que se discutir aqui antes de indicar  o procedimento. Lavar com água e sabão neutro é uma ótima opção.

1 Responses to Comida de mentirinha – parte 1

  1. Erica disse:

    “Desde pequenos nós comenos lixo, comercial, industrial, mas agora chegou nossa vez, vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês…”
    Quando se trata de alimentação á inúmeros fatores que devemos colocar como prioridade, na escolha do alimento correto.
    Estamos em uma era de extrema modernidade, tudo muito acelerado, pessoas correndo o tempo todo, sem tempo para nada, e para acompanhar esse ritmo de vida alucinante até os alimentos sofreram adaptações para encaixar-se nessa incrível maratona.
    Hoje é tudo prático, Fast Food, aquele hamburguesinho nojento, o tal molho cancerígeno especial, seguido de batata gordurosa e descalcificante conhecido como Cola-Cola.
    Sem contar com enlatados, sucos artificiais e um monte de tranquerada “gostosa, apetitosa e saborosa” aos nossos olhos, mas um verdadeiro veneno ao nosso estomago.
    Esse tipo de produtos tem custo baixo devido a sua fabricação em massa, como disse nosso amigo, os produtos orgânicos são encontrados quando raramente e apenas em supermercados específicos por uma quantia absurda tornando-se meio inacessível.
    E é por esse mesmo motivo que são implementados alimentos semelhantes, produzidos e fabricados somente em laboratório com substancia que causam inúmeros danos ao nosso organismo.
    Como diz o próprio tema “Comida de Mentirinha”, vale à pena pensar e repensar em que tipo de alimentos deve ser consumido, para evitar maiores danos à saúde.

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