Mentiras sinceras

julho 9, 2010

Hoje estamos manifestando nosso apoio ao provavelmente desempregado jornalista italiano Tommaso Debenedetti. Em entrevista ao jornal El País, diz “Minha ideia era ser um jornalista cultural sério e honrado, mas isso é impossível na Itália”. Debenedetti inventava as respostas dos entevistados.

Em 2000, trabalhava para o jornal La Nazione e foi cobrir o lançamento de um livro de Gore Vidal, mas não conseguiu a entrevista direta com o autor e resolveu não voltar de mãos vazias à redação. Fez sua primeira entrevista de mentira e o diretor cultural do periódico aprovou, mas deixou claro que “não poderia baixar o nível” a partir daquele momento.

Debenedetti começou a perceber através deste comentário (e de outras ofertas que recebia pelas suas entrevistas) que o que interessava não era a seriedade de seu trabalho, mas apenas a fama e o atrativo das celebridades. Seguiu o princípio do “Se é isso que querem, é isso que vão ter” e passou a oferecer boas matérias, incluíndo uma entrevista com o então aspirante ao cargo de Papa, Joseph Ratzinger.

Ele acredita ter inventado um novo tipo de jornalismo e pretende lançar um livro com suas entrevistas reunidas.

Notícia dada, esperamos que o Sr. Tommaso não fique com má fama, afinal, não divulgou calúnias ou informações escandalosas. Pelo contrário, para tornar seu material crível, estudava os discursos e a linguagem do entrevistado para simular respostas mais próximas possível da realidade. Um trabalho de extremo capricho e elegância, como poucos fazem hoje em dia, mesmo tendo acesso direto às fontes.

Parabéns ao inventor de entrevistas. Mais informações sobre a entrevista real, clique aqui.